O MONSTRO CHAMADO AVALIAÇÃ0
A avaliação faz parte da vida – somos avaliados a todo instante. Porém, não podemos esquecer que a avaliação deve ter um sentido, caso contrário o efeito poderá ser inesperado.
Vídeo: Another brick in the wall – part 2
http://www.youtube.com/watch?v=M_bvT-DGcWw

Assim é a vida: seletiva e classificatória. Segundo Darwin, as dificuldades para garantir a sobrevivência obrigam os seres a viver em constante superação. É como se a vida os avaliasse a cada segundo, selecionando os mais fortes e excluindo os mais fracos.
Será que devemos ser tão implacáveis quanto a natureza, excluindo aqueles que não passam pelos nossos critérios de avaliação? Ou será que devemos criar mecanismos que avaliem os nossos alunos, a fim de sanar suas dificuldades e prepará-los melhor para enfrentar as intempéries da vida?
Eis algo em que devemos pensar...

A escola é lugar de crescimento, sociabilidade, construção. Nunca de repressão e castração mental, moral e intelectual.
Vamos recapitular algumas coisinhas?
Recordar é viver e certas coisas não devem ser esquecidas na Educação.
1. A escola deve ser inclusiva: é preciso ampliar os conceitos de inclusão; ela não vale apenas para alunos NEE’s. É preciso olhar para as possibilidades que as crianças têm de aprender, e não somente para as dificuldades. Existem formas delas aprenderem e formas de ensiná-las. Elas possuem
POTENCIALIDADE.2. A Educação Inclusiva é aquela através da qual TODOS aprendem.
3. O conceito de inclusão não se limita apenas em freqüentar a escola. É preciso aprender.
Resumindo: O ALUNO TEM QUE APRENDER.
Calma, querido professor...
Não atire pedras, não torture e não fure os olhos do seu meigo e doce coordenador.

Conhecemos e partilhamos de suas dificuldades e anseios. Sabemos bem que tira leite das pedras e faz verdadeiros milagres na tarefa de transformar pedras brutas em diamantes. No entanto, estudar as determinações e as possibilidades nunca é demais. É quando o subjetivo transcende seus limites e transforma o sonho em realidade.
Vamos fazer umas continhas?
• Um ano letivo tem 200 dias;
• três dias por semana o dia letivo tem cinco aulas de 50 minutos;
• dois dias por semana o dia letivo tem seis aulas de 50 minutos.
Logo:
• Cada semana tem 27 aulas de 50 minutos:
2 dias de 6 aulas + 3 dias de 5 aulas
12 aulas + 15 aulas = 27 aulas
• Cada aula dura 50 minutos, então:
27 aulas X 50 minutos = 1350 minutos de aulas por semana ou 1350 minutos de aulas semanais.
• O ano letivo possui 200 dias ou 40 semanas, então:
40 semanas X 1350 minutos = 54.000 minutos ou 900 horas
Será que em 900 horas é possível que não se aprenda nada?
Como conhecemos a boa qualidade do seu trabalho e temos certeza que acredita na sua própria capacidade, já sabemos a sua resposta. Não podemos esquecer também que não raras vezes os alunos nos surpreendem, pois temos o péssimo hábito de subestimá-los.
Apenas para aumentar a fúria do vulcão que lança jatos de magma intelectual em suas entranhas, vamos lembrar que os grandes teóricos da pedagogia desconsideram a indisciplina e o aluno que não quer aprender.
Para eles, o professor deve mudar sua prática para atender a todos.
Tá, mas já que eu quase matei vocês de raiva, agora podem perguntar: o que toda essa conversa tem a ver com avaliação?A avaliação é parte importante do processo de ensino/aprendizagem. Através dela obtemos importantes informações a fim de direcionar nosso trabalho. Nem sempre a avaliação é a etapa final do processo. Ela pode ser o instrumento norteador para o profissional da educação.
Ah, então é isso?
E como deve ser a avaliação então? Deve ser formativa, inclusiva, processual, diagnóstica, reguladora, mediadora, criteriosa (deve possuir parâmetros claros), deve utilizar vários instrumentos, deve ser inter-relacional, deve avaliar o trabalho do aluno e do professor. Jussara Hoffman defende a auto-avaliação como mais um eixo do processo de avaliação escolar.
QUAIS DEVEM SER OS PARÂMETROS DA AVALIAÇÃO?1. O aluno: como chegou, como caminhou ao longo do processo e como ficou;
2. objetivos: onde se pretendia chegar até aquele momento;
3. planejar ações: sem esse parâmetro todo o processo será em vão (isso faz parte do processo formativo).
Antes o professor ensinava, o aluno “aprendia” e, em seguida vinha a avaliação – sempre nessa ordem. Hoje esse processo é cíclico, tudo acontece ao mesmo tempo.
A AVALIAÇÃO NUNCA DEVE SER:• Punitiva
• fator de julgamento
• seletiva
• exclusiva
De acordo com Luckesi (1999), a avaliação que se pratica na escola é a avaliação da culpa. Aponta, ainda, que as notas são usadas para fundamentar necessidades de classificação de alunos, onde são comparados desempenhos e não objetivos que se deseja atingir.
Segundo Perrenoud (2000), normalmente, define-se o fracasso escolar como a conseqüência de dificuldades de aprendizagem e como a expressão de uma “falta objetiva” de conhecimentos e de competências. Esta visão que “naturaliza” o fracasso, impede a compreensão de que ele resulta de formas e de normas de excelência que foram instituídas pela escola, cuja execução revela algumas arbitrariedades, entre as quais a definição do nível de exigência do qual depende o limiar que separa aqueles que têm êxito daqueles que não o têm.
Num próximo HTPC vamos estudar os tipos de avaliação, bem como seus objetivos e impactos.
O objetivo desse HTPC não é mudar as crenças didáticas de ninguém. É levar à reflexão e às práticas que possam nos auxiliar a realizar um trabalho mais eficiente, mais humano e mais justo.
Agradecimentos à valorosa e batalhadora equipe docente da E.E. Ayrton Senna da Silva.
Douglas Fersan
PCP - Ensino Fundamental
E.E. Ayrton Senna da Silva
D.E. São Bernardo do Campo