sábado, 30 de maio de 2009

HTPC - A importância da leitura

LER É PERIGOSO... MUITO PERIGOSO!

Início: vídeo "devia ser proibido ler"
http://www.youtube.com/watch?v=iRDoRN8wJ_w&feature=related

A leitura não é um “dom” ou um hábito inato. É um costume adquirido ao longo da formação do indivíduo. Esse processo pode ser iniciado no próprio lar, mas é na escola, com o incentivo dos educadores que ele é reforçado e valorizado.

O hábito da leitura não serve apenas para enriquecer o vocabulário e a cultura do indivíduo. Ele é fundamental também para a compreensão do mundo e de si mesmo. É uma importante e poderosa arma para defender-se das injustiças, daqueles que tentam burlar os seus direitos e também contra as trevas da ignorância.

Quem possui conhecimento detém o poder.



O escriba profissional era uma importante figura nos vários aspectos da administração do antigo Egito — civil, militar e religioso. A maioria dos egípcios não sabia ler e escrever e quando uma pessoa iletrada precisava redigir ou ler um documento, via-se obrigada a pagar o serviço de um escriba. Cerca de 12 anos eram necessários para que alguém estivesse em condições de ler e escrever os cerca de 700 hieróglifos que eram comumente usados no decorrer do Império Novo (c. 1550 a 1070 a.C.) e os estudos podiam começar aos quatro anos de idade. Muitos exercícios escolares antigos sobreviveram em seu inteiro teor, com correções dos professores, e são geralmente cópias dos clássicos egípcios. Como o papiro era um material caro, os aprendizes praticavam em pedaços planos de pedra calcária, cerâmica, ou madeira emplastrada. Os professores não eram modelos de paciência; um deles exclama: As orelhas de um aluno estão nas costas. Ele só escuta quando nela batem. A máquina administrativa egípcia era formada basicamente por escribas. Eles se encarregavam de organizar e distribuir a produção; de controlar a ordem pública; de supervisionar todo e qualquer tipo de atividade. Obedeciam a autoridade dos faraós ou dos templos. A habilidade para escrever garantia uma posição superior na sociedade e a possibilidade de progresso na carreira. A subida da escada social não era fácil, mas a profissão de escriba facilitava as realizações do indivíduo. Um texto destinado a instruir os escribas, usado durante o Império Novo, garantia:
"Seja um escriba. Isso lhe salvará da labuta e lhe protegerá de todo tipo de trabalho. Você será poupado de enfrentar a enxada e o alvião, de forma que não terá que carregar cestas. Você ficará livre de manipular o remo e será poupado de todo tipo de sofrimento."
Conhecer a escrita era a chave para toda a erudição daqueles tempos e os escribas se tornaram os depositários da cultura leiga e religiosa e acabaram dominando todas as atividades profissionais, a ponto de ocuparem até os cargos de oficiais do exército durante o Império Novo. Agrônomos, engenheiros, contadores ou sacerdotes, podiam acumular vários cargos e muitos o faziam.
A educação desses homens, feita geralmente em escolas pertencentes aos grandes templos, era bastante austera e, na maioria dos casos, lhes impunha um código moral elevado e bem intencionado. Nota-se em seus escritos um certo desprezo pela plebe e um grande respeito pela ordem social, considerada esta como a perfeita expressão da harmonia universal. Mesmo que evitassem as prevaricações, conforme os princípios que regiam seus serviços, — explica o egiptólogo francês J. Yoyotte — desfrutavam de gratificações proporcionais à sua posição na hierarquia (era ampla a variação dessas remunerações, pelo menos na XII dinastia): doações de terras, salários em mantimentos, benefícios sacerdotais deduzidos dos rendimentos regulares dos templos e das oferendas reais, donativos honoríficos ou presentes funerários recebidos diretamente do soberano. Os mais graduados viviam em grande estilo neste mundo e no outro, e sua riqueza, sem falar de sua influência, dava-lhes poderes de patronagem.

Então concluímos que:
• O domínio do saber é fator determinante para a realização e profissional, além da ascensão social;
• a aquisição do conhecimento passa pelo domínio da linguagem escrita;
• essas verdades são antigas...



...muito antigas!



Erra aquele que pensa que o domínio da leitura é uma faculdade que atende apenas às necessidades do estudo da Língua Portuguesa. A leitura é um fator primordial para o entendimento de todas as áreas do conhecimento e das ciências, não importando se são exatas, humanas, biomédicas ou que tenham qualquer outra denominação. Aquele que não está habituado a ler, raramente compreende o teor da mensagem que lhe é transmitida de maneira escrita. Incentivar a leitura é dever de todo professor, não importando a sua disciplina.
Mas tenha calma!!!



Se você é professor de História, não precisa mandar seu aluno ler o Dicionário Filosófico de Voltaire.



Ou, se você é professor de Ciências, não exija de seus alunos a leitura sobre os tratados de Darwin.



Respeitar o momento do educando é fundamental para o sucesso da tarefa de educar.
Opa!!!
Então a nossa prosa vai tomar outro rumo...

Você já ouviu falar em desenvolvimento real e desenvolvimento potencial?
São conceitos desenvolvidos pelo psicólogo, professor e pesquisador russo Lev Semenovichi Vygotsky.


Vygotsky desenvolveu interessante teoria, demonstrando a importância da integração social, como fonte do conhecimento.
A teoria se baseia na interação do indivíduo com o meio social, onde, ele pode avançar além de seu desenvolvimento atual, até certo ponto, com a ajuda de outros indivíduos.
Vygotsky descreve dois níveis de desenvolvimento, denominados desenvolvimento real e desenvolvimento potencial.
O desenvolvimento real é aquele que já foi consolidado pelo indivíduo, de forma a torná-lo capaz de resolver situações utilizando seu conhecimento de forma autônoma.
O desenvolvimento potencial é aquele que o sujeito poderá construir com o auxílio de outros.
É a partir desses dois níveis de desenvolvimento: real e potencial que Vygotsky define a zona de desenvolvimento proximal:
"Ela é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes".
A nós, educadores, é de vital importância identificar a zona de desenvolvimento proximal de nossos alunos. O “felling” que possuímos para identificar esse momento da criança é que nos faz diferentes.

Ou você, que leciona para as quintas séries, acredita que um aluno seria capaz de compreender o seguinte texto?

“O orifício de formato circular localizado no centro da região glútea de um indivíduo em estado de consciência alterado pelo efeito etílico não constitui propriedade privada de outrem”.



Cada criança possui a sua individualidade e o seu momento. Conhecer e respeitar as características de cada um dentro do processo de ensino/aprendizagem é, ainda que feito de maneira inconsciente, identificar a zona de desenvolvimento proximal do aluno. Respeitando essas particularidades, cabe ao educador promover a prática da leitura como forma de desenvolver o indivíduo em sua plenitude intelectual, abrindo sua mente para todos os campos do conhecimento.

“_Por que será que meus alunos não conseguem solucionar os problemas que passo para resolver no caderno?” – perguntou certo professor de matemática.

“_Você lê os problemas para seus alunos?” – respondeu, com outra pergunta, seu belo e meigo coordenador pedagógico.

Não basta ler. É preciso compreender aquilo que se lê.
Gradualmente passamos a níveis mais elevados de leitura, conhecendo a realidade do indivíduo a quem educamos.

Tá... e como conseguir isso?

Resposta:
INCENTIVANDO A LEITURA.
Como?
Existem algumas estratégias...








Um exemplo...
Leitura do texto “Felicidade Clandestina”, de Clarice Lispector (acompanhada pela narração de Aracy Balabanian - material disponibilizado pela Oficina Pedagógica da Diretoria de Ensino de São Bernardo do Campo)

Não existem fórmulas mágicas na Educação, mas existem ações pontuais e tentativas adequedas às particularidades de cada grupo ou indivíduo. A única "magia" que existe é a sensibilidade (chamado por alguns de felling) do educador, que identifica momentos e situações, sabendo exatamente quando e como agir.

Para encerrar: “O Caderno” - de Toquinho e Mutinho

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=y-ZaQkPnf4k&feature=related

Agradecimentos:
À valorosa, competente e guerreira equipe de professores da E.E. Ayrton Senna da Silva, sempre disposta a construir um futuro melhor.



HTPC realizado no dia 07 de maio de 2009
Douglas Fersan
PCP - Ensino Fundamental
E.E. Ayrton Senna da Silva

quinta-feira, 28 de maio de 2009

HTPC sobre violência e inclusão

SE NÃO PRATICARMOS A INCLUSÃO, O CRIME PRATICARÁ



O ALUNO IDEAL:• Está sempre limpo e alimentado;
• vive em uma família feliz e bem estruturada;
• tem grande interesse em aprender coisas novas;
• sempre diz “por favor”, “com licença”, “muito obrigado” e “desculpe” (mesmo quando tem razão);
• conhece seu lugar e condição.



O ALUNO REAL:
• É problemático;
• coloca outros interesses acima dos estudos;
• tem problemas familiares (quando tem família);
• usa a escola como válvula de escape para seus problemas pessoais;
• apresenta dificuldades de aprendizagem;
• não tem noções de respeito e propriedade, assim como não conhece limites;



COM QUAL TIPO DE ALUNO VOCÊ COSTUMA DEPARAR?



O PROFESSOR IDEAL:
• Está sempre feliz e sorridente (afinal seu aluno é o ideal, assim como seu salário);
• compreende como os problemas pessoais interferem na aprendizagem do aluno;
• não falta (mesmo quando fica doente);
• busca os recursos mais extravagantes possíveis para prender a atenção dos alunos;
• elabora projetos que visam sanar as dificuldades e defasagens de seus pupilos;
• supera as ofensas, desgastes, os atos de desrespeito e demais mazelas porque acredita na Educação.



O PROFESSOR REAL:
• Tem problemas pessoais;
• às vezes falta, pois como qualquer ser humano, fica doente;
• faz malabarismos para sobreviver com o salário de educador;
• frequentemente depara-se com o aluno real (e não o ideal);
• não raras vezes se vê obrigado a improvisar, pois não teve tempo de preparar suas aulas;
• muitas vezes perde a paciência com os alunos, coordenador, diretor...
• no auge de sua ira, coloca os alunos para fora da sala, pois se eles tem problemas em casa, isso não é da sua conta.



Se você acredita no aluno e no professor ideal... bem, é um direito seu...



Mas se você acredita que a realidade deve ser discutida, vamos ao debate!




“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.” (Vinícius de Moraes). A escola é o local dos encontros, da descoberta das diferenças, através das quais se dá o amadurecimento e a possibilidade de conviver com o semelhante e o "não-semelhante".

Ser ético e reconhecer o outro, na plenitude desse verbo.

A escola deve colocar diante do educando algo que faça sentido em sua vida, para que ela não se torne um espaço de violência ideológica e pedagógica. A ausência de sentido constitui uma grave violência contra o ser social que se forma.

A educação se dá através da palavra, das relações sociais e dos exemplos.

Olhar um jovem e temer ser furtado por ele é reconhecer que esse mesmo jovem teve algo furtado em algum momento de sua vida.

A violência escolar atinge 1 milhão de crianças por dia!

• 67,5% dos alunos já presenciaram atos de vandalismo, depredação ou arruaça;
• 27% dos alunos já viram pessoas armadas na escola;
• Mais de 80% dos alunos já se sentiu agredido no ambiente escolar.






“Reconceitualizar” a violência é pensar as formas de combatê-la, fugindo do senso comum.


Caracterização de ato de violência:
• Falta de justificação;
• ilegalidade;
• violação de direitos, liberdades e propriedades;
• constrangimento, intimidação, coação.

A violência pode ser:
• Direta e livre;
• indireta (direcionada ao sujeito marginalizado, bullyng);
• inibida (calúnia, difamação);
• negativa (omissão, silêncio permissivo).


Quando o “outro” não é ouvido, a violência é potencializada.


“Educar é um ato de fé e transformação da realidade, é seguir em direção àquilo que ainda não está construído. Educar é um ato de sonhar.” (Renato Alves)


Se não trabalharmos pela preservação dos direitos do outro, dificilmente ele respeitará os direitos de alguém.

Toda força bruta representa nada mais do que um sintoma de fraqueza.

Somos professores reais e deparamos todos os dias com alunos reais. Fugir da realidade é entregar a arma nas mãos do bandido. Trabalhar por uma escola sem violência é lutar para não ter a quem entregar armas.

Frases que nortearam a reflexão do HTPC de 26/02/2009

Douglas Fersan
PCP - Ensino Fundamental
E.E. Ayrton Senna

quarta-feira, 27 de maio de 2009

A Educação não é um problema.


Enxergar a Educação como um problema é ter uma visão extremamente limitada das coisas.

A Educação nunca foi, nunca será um problema. A educação está cercada de problemas, isso sim é uma verdade. Mentalidades retrógradas, conceitos que mais parecem pré-conceitos (sim, grafados dessa forma mesmo), crenças sectárias em receitas arcáicas e ultrapassadas, falta de visão sobre os papéis do Educando e do Educador, instituições moribundas (principalmente a família), valores invertidos, comodismo, ideologias fracassadas e viseiras que ocultam parte da realidade são alguns dos problemas que impedem que o processo de ensinar, aprender, construir e mediar não atinjam o sucesso pleno. São problemas pertinentes à Educação. A Educação nunca foi um problema, ela sempre será a maior das soluções. O Educador que não crê nessa verdade ainda desconhece a sua capacidade transformadora.

Douglas Fersan
PCP - 2009
E.E. Ayrton Senna da Silva