domingo, 27 de dezembro de 2009

O Educador é vítima de sua própria escolha





Tornou-se espécie de lugar comum afirmar que educar exige vocação e é um sacerdócio ou um ato de amor. Provavelmente a afirmação é verdadeira, porém, nos tempos atuais, a questão tornou-se mais profunda.
Não há dúvidas de que o bom educador cumpre a sua tarefa com amor e, justamente por isso, assemelha-se a um sacerdócio. Mas isso basta para a construção de um povo consciente de sua identidade, direitos, deveres, carências e possibilidades? Até onde o educador, com toda a fé que deposita no ato de seu exercício profissional, consegue chegar? Quantas mentes e corações consegue atingir? Quantas almas consegue salvar das trevas profundas do desconhecimento?
Ao buscar respostas para essas questões, o educador corre o risco de deparar-se diante de uma considerável frustração, pois percebe que a tarefa de educar é mais complexa que parece e não se limita a inserir normas gramaticais, datas históricas, fórmulas matemáticas ou conceitos cartográficos nas mentes espalhadas pela desordem de uma sala de aula. Educar significa transformar pedras brutas em diamantes, e ao tomar consciência dessa dura tarefa, o profissional da Educação percebe que a vocação, o amor e o sacerdócio não bastam. Ele precisa também de coragem e persistência, pois é como um guerreiro solitário lutando contra um exército de dificuldades.
Também tornou-se lugar comum afirmar que um país só atinge o desenvolvimento se passar pela valorização da Educação, no entanto essa é uma lição que parece ser esquecida pelos donos e manipuladores do poder, que preferem maquiar situações no lugar de investir em ações concretas. A peça principal no processo de educar, no entanto, fica relegada a um plano secundário: o educador.
Hoje o educador não é mais apenas aquele que transmite conhecimentos (felizmente, pois esse modelo de Educação, além de autoritário, favorecia a poucos privilegiados e suas ideologias); ele desempenha outros tantos papéis: é um intermediário, um mediador, psicólogo improvisado e desempenha o papel de pai ou mãe de seus alunos, pois até mesmo a tarefa da educação familiar lhe foi imposta, como resultado da mudança das características da sociedade, hoje muito mais dinâmica e com a mulher realizando não só a função de mãe, mas também de trabalhadora formal. Não há mais professor, hoje existe o educador, no sentido mais amplo da palavra.
Entretanto, esse profissional é vítima de sua própria escolha. É vítima da importante função que escolheu desempenhar na sociedade. É vítima da violência física (muito freqüente e pouco divulgada pelos meios de comunicação), é vítima de legislações frágeis, unilaterais, que o colocam na berlinda, mas raramente o protegem. É vítima das péssimas condições que lhe são dadas para atingir os objetivos de sua tarefa, mas é vítima também das duras críticas que recebe quando os resultados não são os esperados. É vítima da hipocrisia daqueles que tapam o sol com a peneira e dizem que está tudo bem, quando sabemos que o quadro é desesperador e o futuro incerto. É vítima do estresse, da depressão, da frustração, da síndrome de burnout, da auto piedade, da auto crítica, da fadiga, da tendinite, da insônia e tantos males físicos e psicológicos. É vítima da mídia, que sabe alardear apenas o transtorno que esses profissionais causam ao trânsito quando resolvem protestar por condições mais dignas de trabalho (e nesse caso, lutar por condições dignas significa contribuir para a construção de um país mais digno).
O educador é uma grande vítima. E vítimas não constroem cidadãos, constroem mais vítimas. E vítimas são consumidas por um sistema mentiroso, que engana a todos, que desrespeita os direitos mais básicos do povo: a existência intelectual concreta, isenta de parafernálias e estatísticas subjetivas e mal assimiladas, por serem mal intencionadas e indigestas.
O educador é peça fundamental para a construção de uma nação. Um país que não respeita o profissional da Educação não investe na construção do seu futuro. É um país, mas dificilmente será uma nação.

Douglas Fersan - Dezembro/2009.

sábado, 3 de outubro de 2009

Depois da tempestade - por Jairo Pereira Jr



Convido você, meu irmão, que está lendo este artigo a parar e pensar num momento de grande conquista e realização.
Pronto!
Agora pense nos momentos que antecederam essa conquista?
Pronto novamente!
Se você pensar bem, quando você tem uma grande conquista, ela sempre vem precedida de um grande momento caótico.
Lembra-se? Que sempre antes das suas grandes conquistas o momento não estava nada bom?
Você achava que não conseguiria, mas no final conseguiu. Mesmo com todo o caos, com toda apreensão e com toda desconfiança de todos, no fim tudo deu certo.
Assim foi, assim é e assim será sempre.
Se o ditado diz que “depois da tempestade sempre vem a bonança”, porque não dizer que “antes da bonança sempre vem uma tempestade”.
Esta é nossa vida. Para conseguirmos coisas boas devemos passar por privações e provações. Para que as conquistas sejam valorizadas precisamos enfrentar os momentos caóticos. Para alcançar a calmaria do oceano precisamos ultrapassar a tormenta da arrebentação.
Não acredite que você é o único a passar por momentos ruins. Na realidade todos estamos sujeitos a isto. Todos temos momentos ruins. Só depende de você saber aonde este momento vai te levar.
Para que haja paz é preciso vencer a guerra. Só que está guerra é particular, travada por você contra você mesmo, e deve servir como propulsor para suas conquistas.
Então, lembre-se de outro ditado popular: “Não há mal que sempre dure e nem bem que sempre perdure”, seja forte, tenha fé e acredite que é nesses momentos de caos que crescemos espiritualmente.

Jairo Pereira Jr. - 2009
Professor de Economia e Matemática

sábado, 4 de julho de 2009

Não desista! - Texto para reflexão sobre o encerramento do 1º semestre letivo



Nada mais natural que ao longo da vida encontremos dificuldades, obstáculos e pedras que se colocam em nosso caminho, dificultando a caminhada. Natural também é que um desânimo venha à tona quando surgem essas intempéries. Mais natural ainda é que esse desânimo seja multiplicado quando os problemas surgem simultaneamente e em grande intensidade. Não é natural que percamos a fé.
Agarrar-se às mínimas possibilidades de superação é acreditar em si, é acreditar no próprio potencial e ter a certeza de que a pequena luz no fim do túnel pode tornar-se um grande sol. Dias melhores não virão, não cairão do céu. Eles serão construídos com o talento e o esforço de cada um que, unidos, demonstrarão a capacidade de transformação que possuem.
Uma etapa está chegando ao fim e partimos para o início de uma nova. Que saibamos usar a experiência adquirida e com as pedras do caminho façamos um muro, que seja a nossa fortaleza para a continuação da caminhada.
Conta uma história, que certa vez um biólogo caminhava por uma praia, dessas localizadas em regiões ermas, freqüentadas apenas pelos seus habitantes caiçaras. Em suas andanças o biólogo encontrou um morador, senhor simples, de fala mansa e humilde, atirando de volta ao mar aquelas estrelas marinhas que as ondas traziam e jogavam na areia. Indagado sobre a razão de fazer aquilo, o caiçara respondeu:
_Jogando as estrelas de volta ao mar, evito que elas morram secas na areia.
O biólogo sorriu e argumentou:
_Mas seu tamanho esforço não faz diferença, pois o mar traz centenas dessas estrelas a cada minuto, enquanto você consegue salvar apenas algumas poucas.
O caiçara sorriu, mostrou ao biólogo a estrela que estava em sua mão, e disse:
_Para essa aqui faz muita diferença – e atirou-a ao mar.
No dia seguinte, o biólogo estava lá, ajudando o caiçara a devolver as estrelas ao mar.
Se nós educadores acreditarmos em nossa capacidade de transformar um ser humano que seja, transformaremos o mundo.
Não desista. As dificuldades estão aí, são diárias e constantes, como constante é a sua capacidade de superação. Agarre-se àquilo que possui de mais valioso: o seu amor à profissão, à crença na humanidade e à certeza de dias melhores. Você é educador, o transformador social, o responsável pelo mundo melhor, no qual viverão seus filhos e netos.

Douglas Fersan
PCP – Ensino Fundamental – E.E. Ayrton Senna da Silva
Diretoria de Ensino de São Bernardo do Campo.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A visita da E.E. Maria Regina D. Fanani à E.E. Ayrton Senna da Silva

No dia 01 de julho de 2009, a E.E. Ayrton Senna da Silva teve a grande honra de receber em suas dependências a fanfarra da escola vizinha E.E. Maria Regina Demarchi Fanani. Acompanhados pela diretora, senhora Circe, a igualmente sempre simpática e eficiente coordenadora Maura e seus professores (foto 1), um grupo jovens, devidamente uniformizados, (foto 2) apresentou-se para nossos alunos, que prestigiaram esse trabalho tão bonito, fruto do esforço e dedicação da professora Renata Pelecchia, que também ensaia a fanfarra da E.E. Ayrton Senna da Silva.




Manifestações de amizade como essa devem nortear o trabalho dos educadores da região, que possuem o mesmo propósito: educar nossos jovens, proporcionando a eles o sentimento de solidariedade, amizade e construção de uma comunidade mais justa e pacífica, através do exemplo e da cidadania efetivamente aplicada, e não apenas teorizada.
Parabéns à diretora Circe, à coordenadora Maura, aos alunos e professores da E.E. Maria Regina Demarchi Fanani e, em especial, à professora Renata, que mais uma vez mostrou seu talento e competência.



Façamos desse breve encontro apenas o primeiro de tantos outros. Que nossos talentos possam se unir para a construção de um futuro melhor.

terça-feira, 2 de junho de 2009

O VALOR DA DIFICULDADE - texto para reflexão



Somos seres antagônicos, contraditórios e ao mesmo tempo flexíveis e sensíveis. Muitas vezes somos movidos por paixões, outras tantas vezes pela razão. Nada mais natural que diante de situações difíceis deixemos a emoção falar alto e dominar nossas ações, pois somos também seres em constante evolução e crescimento intelectual e moral. Aprendemos a cada dia, pois o tempo nos proporciona algo que os livros, por mais que seus autores se esforcem, não conseguem conter: a experiência. As dificuldades impostas pela vida, seja no trabalho, nas relações familiares ou em qualquer outra instância, de forma paradoxal podem servir como estímulo para que consigamos aprender a usar o outro impulso que move nossas ações: a razão. Isso não significa, em hipótese alguma, que aquele companheiro que se deixa levar pela emoção é alguém despreparado ou desequilibrado. De forma alguma. É alguém também comprometido com a situação, e que por estar tão inserido nela e tão ansioso por soluções, deixa que suas paixões falem alto. Tal atitude mostra apenas o quanto é preocupado e até apaixonado por aquilo, que sofre com a dificuldade presente.
No entanto, o equilíbrio entre os sentimentos é a chave para a solução de muitos problemas. A emoção deve ser o combustível que nos estimula a prosseguir na árdua luta perante os obstáculos, e a razão deve ser a ferramenta para a solução.
Nelson Rodrigues dizia, em uma de suas obras, que “o brasileiro só é solidário no câncer”. Não cabe, nesse momento, emitir juízo de valores sobre tal afirmação, o objetivo é apenas usá-la para lembrar que as dificuldades que surgem em nosso caminho podem ser muito úteis. Sim, embora pareça absurdo dizer isso, as dificuldades podem ser úteis. É no momento da tragédia, da fome, da seca, da catástrofe que a população, inclusive (ou principalmente) a mais carente dá as mãos, mobilizando seus parcos recursos para auxiliar aquele que sofre a desventura. Façamos das nossas dificuldades também uma lição, o momento de aprender o quanto somos fortes e capazes de reverter a situação. Que a nossa indignação diante dos problemas seja a lenha que alimenta a caldeira, mas que a nossa união seja a nossa força, pois superadas pequenas rusgas, também naturais ao convívio social, sabemos que juntos temos força e competência para enfrentar todas adversidades, pois não somos máquinas, somos educadores e o desafio cada vez mais faz parte de nossa profissão, que por sua vez, cada vez mais torna-se um sacerdócio. Que as dificuldades sirvam para mostrar nosso poder, nossa força e capacidade de união e superação. Não somos agentes passivos de nossa realidade, somos agentes transformadores, e que jamais percamos a fé em nós mesmos.

Douglas Fersan - PCP - Ensino Fundamental
E.E. Ayrton Senna da Silva
D.E. São Bernardo do Campo

segunda-feira, 1 de junho de 2009

HTPC - O monstro chamado avaliação

O MONSTRO CHAMADO AVALIAÇÃ0



A avaliação faz parte da vida – somos avaliados a todo instante. Porém, não podemos esquecer que a avaliação deve ter um sentido, caso contrário o efeito poderá ser inesperado.

Vídeo: Another brick in the wall – part 2
http://www.youtube.com/watch?v=M_bvT-DGcWw



Assim é a vida: seletiva e classificatória. Segundo Darwin, as dificuldades para garantir a sobrevivência obrigam os seres a viver em constante superação. É como se a vida os avaliasse a cada segundo, selecionando os mais fortes e excluindo os mais fracos.
Será que devemos ser tão implacáveis quanto a natureza, excluindo aqueles que não passam pelos nossos critérios de avaliação?
Ou será que devemos criar mecanismos que avaliem os nossos alunos, a fim de sanar suas dificuldades e prepará-los melhor para enfrentar as intempéries da vida?

Eis algo em que devemos pensar...



A escola é lugar de crescimento, sociabilidade, construção. Nunca de repressão e castração mental, moral e intelectual.

Vamos recapitular algumas coisinhas?
Recordar é viver e certas coisas não devem ser esquecidas na Educação.

1. A escola deve ser inclusiva: é preciso ampliar os conceitos de inclusão; ela não vale apenas para alunos NEE’s. É preciso olhar para as possibilidades que as crianças têm de aprender, e não somente para as dificuldades. Existem formas delas aprenderem e formas de ensiná-las. Elas possuem POTENCIALIDADE.

2. A Educação Inclusiva é aquela através da qual TODOS aprendem.

3. O conceito de inclusão não se limita apenas em freqüentar a escola. É preciso aprender.

Resumindo:

O ALUNO TEM QUE APRENDER.



Calma, querido professor...
Não atire pedras, não torture e não fure os olhos do seu meigo e doce coordenador.



Conhecemos e partilhamos de suas dificuldades e anseios. Sabemos bem que tira leite das pedras e faz verdadeiros milagres na tarefa de transformar pedras brutas em diamantes. No entanto, estudar as determinações e as possibilidades nunca é demais. É quando o subjetivo transcende seus limites e transforma o sonho em realidade.

Vamos fazer umas continhas?



• Um ano letivo tem 200 dias;
• três dias por semana o dia letivo tem cinco aulas de 50 minutos;
• dois dias por semana o dia letivo tem seis aulas de 50 minutos.

Logo:

• Cada semana tem 27 aulas de 50 minutos:

2 dias de 6 aulas + 3 dias de 5 aulas

12 aulas + 15 aulas = 27 aulas

• Cada aula dura 50 minutos, então:

27 aulas X 50 minutos = 1350 minutos de aulas por semana ou 1350 minutos de aulas semanais.

• O ano letivo possui 200 dias ou 40 semanas, então:

40 semanas X 1350 minutos = 54.000 minutos ou 900 horas

Será que em 900 horas é possível que não se aprenda nada?



Como conhecemos a boa qualidade do seu trabalho e temos certeza que acredita na sua própria capacidade, já sabemos a sua resposta. Não podemos esquecer também que não raras vezes os alunos nos surpreendem, pois temos o péssimo hábito de subestimá-los.

Apenas para aumentar a fúria do vulcão que lança jatos de magma intelectual em suas entranhas, vamos lembrar que os grandes teóricos da pedagogia desconsideram a indisciplina e o aluno que não quer aprender. Para eles, o professor deve mudar sua prática para atender a todos.



Tá, mas já que eu quase matei vocês de raiva, agora podem perguntar: o que toda essa conversa tem a ver com avaliação?

A avaliação é parte importante do processo de ensino/aprendizagem. Através dela obtemos importantes informações a fim de direcionar nosso trabalho. Nem sempre a avaliação é a etapa final do processo. Ela pode ser o instrumento norteador para o profissional da educação.

Ah, então é isso?


E como deve ser a avaliação então?

Deve ser formativa, inclusiva, processual, diagnóstica, reguladora, mediadora, criteriosa (deve possuir parâmetros claros), deve utilizar vários instrumentos, deve ser inter-relacional, deve avaliar o trabalho do aluno e do professor. Jussara Hoffman defende a auto-avaliação como mais um eixo do processo de avaliação escolar.

QUAIS DEVEM SER OS PARÂMETROS DA AVALIAÇÃO?

1. O aluno: como chegou, como caminhou ao longo do processo e como ficou;
2. objetivos: onde se pretendia chegar até aquele momento;
3. planejar ações: sem esse parâmetro todo o processo será em vão (isso faz parte do processo formativo).

Antes o professor ensinava, o aluno “aprendia” e, em seguida vinha a avaliação – sempre nessa ordem. Hoje esse processo é cíclico, tudo acontece ao mesmo tempo.

A AVALIAÇÃO NUNCA DEVE SER:

• Punitiva
• fator de julgamento
• seletiva
• exclusiva

De acordo com Luckesi (1999), a avaliação que se pratica na escola é a avaliação da culpa. Aponta, ainda, que as notas são usadas para fundamentar necessidades de classificação de alunos, onde são comparados desempenhos e não objetivos que se deseja atingir.

Segundo Perrenoud (2000), normalmente, define-se o fracasso escolar como a conseqüência de dificuldades de aprendizagem e como a expressão de uma “falta objetiva” de conhecimentos e de competências. Esta visão que “naturaliza” o fracasso, impede a compreensão de que ele resulta de formas e de normas de excelência que foram instituídas pela escola, cuja execução revela algumas arbitrariedades, entre as quais a definição do nível de exigência do qual depende o limiar que separa aqueles que têm êxito daqueles que não o têm.

Num próximo HTPC vamos estudar os tipos de avaliação, bem como seus objetivos e impactos.

O objetivo desse HTPC não é mudar as crenças didáticas de ninguém. É levar à reflexão e às práticas que possam nos auxiliar a realizar um trabalho mais eficiente, mais humano e mais justo.

Agradecimentos à valorosa e batalhadora equipe docente da E.E. Ayrton Senna da Silva.


Douglas Fersan
PCP - Ensino Fundamental
E.E. Ayrton Senna da Silva
D.E. São Bernardo do Campo

sábado, 30 de maio de 2009

HTPC - A importância da leitura

LER É PERIGOSO... MUITO PERIGOSO!

Início: vídeo "devia ser proibido ler"
http://www.youtube.com/watch?v=iRDoRN8wJ_w&feature=related

A leitura não é um “dom” ou um hábito inato. É um costume adquirido ao longo da formação do indivíduo. Esse processo pode ser iniciado no próprio lar, mas é na escola, com o incentivo dos educadores que ele é reforçado e valorizado.

O hábito da leitura não serve apenas para enriquecer o vocabulário e a cultura do indivíduo. Ele é fundamental também para a compreensão do mundo e de si mesmo. É uma importante e poderosa arma para defender-se das injustiças, daqueles que tentam burlar os seus direitos e também contra as trevas da ignorância.

Quem possui conhecimento detém o poder.



O escriba profissional era uma importante figura nos vários aspectos da administração do antigo Egito — civil, militar e religioso. A maioria dos egípcios não sabia ler e escrever e quando uma pessoa iletrada precisava redigir ou ler um documento, via-se obrigada a pagar o serviço de um escriba. Cerca de 12 anos eram necessários para que alguém estivesse em condições de ler e escrever os cerca de 700 hieróglifos que eram comumente usados no decorrer do Império Novo (c. 1550 a 1070 a.C.) e os estudos podiam começar aos quatro anos de idade. Muitos exercícios escolares antigos sobreviveram em seu inteiro teor, com correções dos professores, e são geralmente cópias dos clássicos egípcios. Como o papiro era um material caro, os aprendizes praticavam em pedaços planos de pedra calcária, cerâmica, ou madeira emplastrada. Os professores não eram modelos de paciência; um deles exclama: As orelhas de um aluno estão nas costas. Ele só escuta quando nela batem. A máquina administrativa egípcia era formada basicamente por escribas. Eles se encarregavam de organizar e distribuir a produção; de controlar a ordem pública; de supervisionar todo e qualquer tipo de atividade. Obedeciam a autoridade dos faraós ou dos templos. A habilidade para escrever garantia uma posição superior na sociedade e a possibilidade de progresso na carreira. A subida da escada social não era fácil, mas a profissão de escriba facilitava as realizações do indivíduo. Um texto destinado a instruir os escribas, usado durante o Império Novo, garantia:
"Seja um escriba. Isso lhe salvará da labuta e lhe protegerá de todo tipo de trabalho. Você será poupado de enfrentar a enxada e o alvião, de forma que não terá que carregar cestas. Você ficará livre de manipular o remo e será poupado de todo tipo de sofrimento."
Conhecer a escrita era a chave para toda a erudição daqueles tempos e os escribas se tornaram os depositários da cultura leiga e religiosa e acabaram dominando todas as atividades profissionais, a ponto de ocuparem até os cargos de oficiais do exército durante o Império Novo. Agrônomos, engenheiros, contadores ou sacerdotes, podiam acumular vários cargos e muitos o faziam.
A educação desses homens, feita geralmente em escolas pertencentes aos grandes templos, era bastante austera e, na maioria dos casos, lhes impunha um código moral elevado e bem intencionado. Nota-se em seus escritos um certo desprezo pela plebe e um grande respeito pela ordem social, considerada esta como a perfeita expressão da harmonia universal. Mesmo que evitassem as prevaricações, conforme os princípios que regiam seus serviços, — explica o egiptólogo francês J. Yoyotte — desfrutavam de gratificações proporcionais à sua posição na hierarquia (era ampla a variação dessas remunerações, pelo menos na XII dinastia): doações de terras, salários em mantimentos, benefícios sacerdotais deduzidos dos rendimentos regulares dos templos e das oferendas reais, donativos honoríficos ou presentes funerários recebidos diretamente do soberano. Os mais graduados viviam em grande estilo neste mundo e no outro, e sua riqueza, sem falar de sua influência, dava-lhes poderes de patronagem.

Então concluímos que:
• O domínio do saber é fator determinante para a realização e profissional, além da ascensão social;
• a aquisição do conhecimento passa pelo domínio da linguagem escrita;
• essas verdades são antigas...



...muito antigas!



Erra aquele que pensa que o domínio da leitura é uma faculdade que atende apenas às necessidades do estudo da Língua Portuguesa. A leitura é um fator primordial para o entendimento de todas as áreas do conhecimento e das ciências, não importando se são exatas, humanas, biomédicas ou que tenham qualquer outra denominação. Aquele que não está habituado a ler, raramente compreende o teor da mensagem que lhe é transmitida de maneira escrita. Incentivar a leitura é dever de todo professor, não importando a sua disciplina.
Mas tenha calma!!!



Se você é professor de História, não precisa mandar seu aluno ler o Dicionário Filosófico de Voltaire.



Ou, se você é professor de Ciências, não exija de seus alunos a leitura sobre os tratados de Darwin.



Respeitar o momento do educando é fundamental para o sucesso da tarefa de educar.
Opa!!!
Então a nossa prosa vai tomar outro rumo...

Você já ouviu falar em desenvolvimento real e desenvolvimento potencial?
São conceitos desenvolvidos pelo psicólogo, professor e pesquisador russo Lev Semenovichi Vygotsky.


Vygotsky desenvolveu interessante teoria, demonstrando a importância da integração social, como fonte do conhecimento.
A teoria se baseia na interação do indivíduo com o meio social, onde, ele pode avançar além de seu desenvolvimento atual, até certo ponto, com a ajuda de outros indivíduos.
Vygotsky descreve dois níveis de desenvolvimento, denominados desenvolvimento real e desenvolvimento potencial.
O desenvolvimento real é aquele que já foi consolidado pelo indivíduo, de forma a torná-lo capaz de resolver situações utilizando seu conhecimento de forma autônoma.
O desenvolvimento potencial é aquele que o sujeito poderá construir com o auxílio de outros.
É a partir desses dois níveis de desenvolvimento: real e potencial que Vygotsky define a zona de desenvolvimento proximal:
"Ela é a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes".
A nós, educadores, é de vital importância identificar a zona de desenvolvimento proximal de nossos alunos. O “felling” que possuímos para identificar esse momento da criança é que nos faz diferentes.

Ou você, que leciona para as quintas séries, acredita que um aluno seria capaz de compreender o seguinte texto?

“O orifício de formato circular localizado no centro da região glútea de um indivíduo em estado de consciência alterado pelo efeito etílico não constitui propriedade privada de outrem”.



Cada criança possui a sua individualidade e o seu momento. Conhecer e respeitar as características de cada um dentro do processo de ensino/aprendizagem é, ainda que feito de maneira inconsciente, identificar a zona de desenvolvimento proximal do aluno. Respeitando essas particularidades, cabe ao educador promover a prática da leitura como forma de desenvolver o indivíduo em sua plenitude intelectual, abrindo sua mente para todos os campos do conhecimento.

“_Por que será que meus alunos não conseguem solucionar os problemas que passo para resolver no caderno?” – perguntou certo professor de matemática.

“_Você lê os problemas para seus alunos?” – respondeu, com outra pergunta, seu belo e meigo coordenador pedagógico.

Não basta ler. É preciso compreender aquilo que se lê.
Gradualmente passamos a níveis mais elevados de leitura, conhecendo a realidade do indivíduo a quem educamos.

Tá... e como conseguir isso?

Resposta:
INCENTIVANDO A LEITURA.
Como?
Existem algumas estratégias...








Um exemplo...
Leitura do texto “Felicidade Clandestina”, de Clarice Lispector (acompanhada pela narração de Aracy Balabanian - material disponibilizado pela Oficina Pedagógica da Diretoria de Ensino de São Bernardo do Campo)

Não existem fórmulas mágicas na Educação, mas existem ações pontuais e tentativas adequedas às particularidades de cada grupo ou indivíduo. A única "magia" que existe é a sensibilidade (chamado por alguns de felling) do educador, que identifica momentos e situações, sabendo exatamente quando e como agir.

Para encerrar: “O Caderno” - de Toquinho e Mutinho

Vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=y-ZaQkPnf4k&feature=related

Agradecimentos:
À valorosa, competente e guerreira equipe de professores da E.E. Ayrton Senna da Silva, sempre disposta a construir um futuro melhor.



HTPC realizado no dia 07 de maio de 2009
Douglas Fersan
PCP - Ensino Fundamental
E.E. Ayrton Senna da Silva

quinta-feira, 28 de maio de 2009

HTPC sobre violência e inclusão

SE NÃO PRATICARMOS A INCLUSÃO, O CRIME PRATICARÁ



O ALUNO IDEAL:• Está sempre limpo e alimentado;
• vive em uma família feliz e bem estruturada;
• tem grande interesse em aprender coisas novas;
• sempre diz “por favor”, “com licença”, “muito obrigado” e “desculpe” (mesmo quando tem razão);
• conhece seu lugar e condição.



O ALUNO REAL:
• É problemático;
• coloca outros interesses acima dos estudos;
• tem problemas familiares (quando tem família);
• usa a escola como válvula de escape para seus problemas pessoais;
• apresenta dificuldades de aprendizagem;
• não tem noções de respeito e propriedade, assim como não conhece limites;



COM QUAL TIPO DE ALUNO VOCÊ COSTUMA DEPARAR?



O PROFESSOR IDEAL:
• Está sempre feliz e sorridente (afinal seu aluno é o ideal, assim como seu salário);
• compreende como os problemas pessoais interferem na aprendizagem do aluno;
• não falta (mesmo quando fica doente);
• busca os recursos mais extravagantes possíveis para prender a atenção dos alunos;
• elabora projetos que visam sanar as dificuldades e defasagens de seus pupilos;
• supera as ofensas, desgastes, os atos de desrespeito e demais mazelas porque acredita na Educação.



O PROFESSOR REAL:
• Tem problemas pessoais;
• às vezes falta, pois como qualquer ser humano, fica doente;
• faz malabarismos para sobreviver com o salário de educador;
• frequentemente depara-se com o aluno real (e não o ideal);
• não raras vezes se vê obrigado a improvisar, pois não teve tempo de preparar suas aulas;
• muitas vezes perde a paciência com os alunos, coordenador, diretor...
• no auge de sua ira, coloca os alunos para fora da sala, pois se eles tem problemas em casa, isso não é da sua conta.



Se você acredita no aluno e no professor ideal... bem, é um direito seu...



Mas se você acredita que a realidade deve ser discutida, vamos ao debate!




“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida.” (Vinícius de Moraes). A escola é o local dos encontros, da descoberta das diferenças, através das quais se dá o amadurecimento e a possibilidade de conviver com o semelhante e o "não-semelhante".

Ser ético e reconhecer o outro, na plenitude desse verbo.

A escola deve colocar diante do educando algo que faça sentido em sua vida, para que ela não se torne um espaço de violência ideológica e pedagógica. A ausência de sentido constitui uma grave violência contra o ser social que se forma.

A educação se dá através da palavra, das relações sociais e dos exemplos.

Olhar um jovem e temer ser furtado por ele é reconhecer que esse mesmo jovem teve algo furtado em algum momento de sua vida.

A violência escolar atinge 1 milhão de crianças por dia!

• 67,5% dos alunos já presenciaram atos de vandalismo, depredação ou arruaça;
• 27% dos alunos já viram pessoas armadas na escola;
• Mais de 80% dos alunos já se sentiu agredido no ambiente escolar.






“Reconceitualizar” a violência é pensar as formas de combatê-la, fugindo do senso comum.


Caracterização de ato de violência:
• Falta de justificação;
• ilegalidade;
• violação de direitos, liberdades e propriedades;
• constrangimento, intimidação, coação.

A violência pode ser:
• Direta e livre;
• indireta (direcionada ao sujeito marginalizado, bullyng);
• inibida (calúnia, difamação);
• negativa (omissão, silêncio permissivo).


Quando o “outro” não é ouvido, a violência é potencializada.


“Educar é um ato de fé e transformação da realidade, é seguir em direção àquilo que ainda não está construído. Educar é um ato de sonhar.” (Renato Alves)


Se não trabalharmos pela preservação dos direitos do outro, dificilmente ele respeitará os direitos de alguém.

Toda força bruta representa nada mais do que um sintoma de fraqueza.

Somos professores reais e deparamos todos os dias com alunos reais. Fugir da realidade é entregar a arma nas mãos do bandido. Trabalhar por uma escola sem violência é lutar para não ter a quem entregar armas.

Frases que nortearam a reflexão do HTPC de 26/02/2009

Douglas Fersan
PCP - Ensino Fundamental
E.E. Ayrton Senna

quarta-feira, 27 de maio de 2009

A Educação não é um problema.


Enxergar a Educação como um problema é ter uma visão extremamente limitada das coisas.

A Educação nunca foi, nunca será um problema. A educação está cercada de problemas, isso sim é uma verdade. Mentalidades retrógradas, conceitos que mais parecem pré-conceitos (sim, grafados dessa forma mesmo), crenças sectárias em receitas arcáicas e ultrapassadas, falta de visão sobre os papéis do Educando e do Educador, instituições moribundas (principalmente a família), valores invertidos, comodismo, ideologias fracassadas e viseiras que ocultam parte da realidade são alguns dos problemas que impedem que o processo de ensinar, aprender, construir e mediar não atinjam o sucesso pleno. São problemas pertinentes à Educação. A Educação nunca foi um problema, ela sempre será a maior das soluções. O Educador que não crê nessa verdade ainda desconhece a sua capacidade transformadora.

Douglas Fersan
PCP - 2009
E.E. Ayrton Senna da Silva